Shotdown - metal pesado vindo do interior paulista
O mercado de quem cria rock autoral no
Brasil não tem (e talvez nunca teve) um cenário muito animador. Quando se fala
da cena alternativa (longe de ser pop, de ser da grande mídia) então a coisa se
complica. Mas isso não impede que muitas bandas enfrentem essa realidade de
batalhar por sua música, por seu espaço. Como é o caso da banda Shotdown, cuja
terra natal é Mirassol (SP). Com cerca de seis anos de existência, a banda mudou
seu estilo e hoje aposta num som mais pesado. Formada atualmente por Alexx
Blacksteel (vocal), Danilo Origa (guitarra), Giovanni
Buzo (bateria) e Igor "Miojo" Galves (baixo), a banda foca hoje em
dia seus esforços para lançar seu primeiro CD, com previsão de sair em 2016. No
entanto possui um estoque de cinco músicas gravadas, disponíveis em seus canais
de internet. A Ready To Rock
conversou com o guitarrista Danilo, que nos conta a seguir mais detalhes da
trajetória do Shotdown.
RR - Primeiramente me fale das origens
da banda. Quando e como se formou e porque a escolha do nome Shotdown?
Danilo Origa - A
banda foi formada em 2009, com a junção de amigos de escola. De forma espontânea, a banda foi
tomando forma e trocando de integrantes, buscando sempre evolução e um trabalho
voltado para, de fato, constituir uma carreira. O nome Shotdown não tem um motivo específico. Achamos
que soava bem e o escolhemos!
RR
- Numa tendência nacional onde o movimento de bandas cover é sempre
evidenciado, é um orgulho ver bandas como o Shotdown investindo em seu próprio trabalho.
Como é ser uma banda autoral nesse ambiente?
DO
- Obrigado! Essa questão
de autoral versus cover é literalmente motivo de amor e
ódio para a Shotdown. Alguns nos odeiam simplesmente por
termos criticado algumas bandas baseadas em cover e outros nos amam pelo mesmo
motivo. Sempre fomos muito incisivos nessa questão. Dessa forma, procuramos
sempre priorizar o autoral. Nunca fizemos um show sequer que não tenha tido ao
menos quatro músicas autorais (sendo que hoje temos lançadas oficialmente, seis). É claro que temos que colocar
covers no meio para complementar o show, mas são músicas que realmente
significam algo para nós e definem a banda. Não é algo para ganhar destaque.
RR
- Como sente a aceitação do público em relação ao trabalho da
banda?
DO
- A aceitação do público é
incrivelmente boa. Às vezes, supera nossas expectativas. Quando seguíamos uma linha autoral
mais hard rock, nos shows, complementávamos o repertório com músicas do Motörhead e do Pantera. Nessa época, a aceitação
das autorais era relativamente baixa e nos reconheciam apenas pelas bandas
supracitadas. Depois do lançamento do clipe de “Spitfire” e do EP propriamente dito, que
ocorreu em outubro de 2013, a aceitação perante as autorais cresceu. Hoje,
seguindo uma linha mais pesada e tendo lançado o lyric video de “Murderground”, a aceitação foi ainda maior; mais
calorosa, digamos. O peso ajuda, creio eu. A verdade é que, mesmo em uma
realidade em que o produto físico (CD) “não seja mais importante”, os ouvintes
gostam, sim, de música bem gravada, com qualidade. Não adianta querer
apresentá-las apenas em versões ao vivo. Foi o que aprendemos com essa
situação.
RR
- Quais as dificuldades principais da banda estar estabelecida no interior de
São Paulo?
DO
- As dificuldades
principais em estarmos localizados no interior de São Paulo são basicamente
relacionadas à visibilidade. Acaba sendo difícil alcançar pessoas de fora
daqui, mesmo na internet. Mas creio que todas as bandas sintam-se assim, independente de onde estejam,
pois o meio musical é cheio de “panelinhas” e certas “barreiras” que dificultam de fato a entrada de
uma nova banda.
RR
- Como anda o ritmo de shows da banda? Como enfrentar a eterna ausência de
locais para bandas autorais?
DO
- Os shows são escassos devido ao
fato de não nos enquadrarmos no estilo que um pub requer, por exemplo.
Geralmente, nossos shows são mais voltados a festivais, que, não por
coincidência, também são escassos. Para enfrentar a eterna ausência de locais,
simplesmente nos mantemos convictos do que queremos atualmente. Hoje, estamos
concentrados em compor e gravar nosso primeiro álbum. Porém, é claro que logo depois de tê-lo
gravado, precisaremos sair em busca de novos shows, e, para isso, precisaremos
de alguém especializado no ramo.
RR
- A banda ficou entre as três melhores da categoria autoral no festival
“Planeta Rock”, em agosto deste ano, com a música “Hidden Asylum”. Como foi o sabor desta conquista e o
que representa isso na trajetória da banda?
DO
- Foi ótimo. Ganhamos novos admiradores
do nosso trabalho e é basicamente isso que importa. Muita gente elogiando a
mudança de estilo e elogiando, inclusive, a presença de palco. A competição em
si não importa. Tocar para mais de cinco mil pessoas em um palco foda foi
sensacional. Inacreditável a quantidade de gente curtindo e gritando com a
banda! Mais ainda, essa edição significa, para nós, que está mais do que na
hora de juntarmos forças com bandas da região, como a O.U.D.N. (deathcore),
vencedora do concurso. Vocal agressivo, banda pesada e com uma execução
perfeita! A união de bandas autorais para realizar shows
em conjunto é essencial!
RR
- As musicas do EP “Shotdown” (2013) flertam com um hard rock pesado e bem dosado. Já algumas
faixas como “Dead Man” tem um balanço colado bem num
metal moderno. A banda flerta com muitos estilos, certo?
DO - Exato!
Não é algo para “agradar a todos”, mas sim algo sincero.
Mas há direções principais em cada trabalho: O EP foi basicamente hard rock, ainda que flerte com outros estilos. Tentamos, sim, trazer para algo mais moderno. Afinal, imagina se as bandas dos anos 80 tivessem mantido a pegada dos Beatles e do Rolling Stones? Obviamente era o que eles curtiam, mas a música segue, sem deixar de ter influência!
Acho que deu pra entender o que eu quis dizer. (risos)
Mas há direções principais em cada trabalho: O EP foi basicamente hard rock, ainda que flerte com outros estilos. Tentamos, sim, trazer para algo mais moderno. Afinal, imagina se as bandas dos anos 80 tivessem mantido a pegada dos Beatles e do Rolling Stones? Obviamente era o que eles curtiam, mas a música segue, sem deixar de ter influência!
Acho que deu pra entender o que eu quis dizer. (risos)
RR
- Dá pra perceber que em “Muderground” a banda investiu numa pegada mais
pesada, colado num thrash moderno, mas com boa dose de melodia nas
passagens. Seria mudança radical no estilo do Shotdown?
DO
- Uma mudança radical creio que não. Mas
sim, é uma mudança. Desde a entrada de Giovanni (bateria) e Igor (baixo),
pretendíamos trazer um peso maior para a banda. Mas assim como dito
anteriormente, acho que não poderia acontecer diferente. Os covers sempre foram
Motörhead, Pantera, Metallica etc.. Foi natural a mudança. Ainda mais depois de
começarmos a curtir Sepultura como nunca!
RR
- Como funciona o processo de composição dentro da banda?
DO - O
processo de composição dentro da banda não é algo científico. Também é natural.
O EP foi composto basicamente por mim, Danilo (guitarra). Já o álbum que está
por vir, por enquanto, conta com grande participação do Giovanni e o Alexx
(vocal), sobretudo em letras. A letra de “Murderground”, por exemplo, é do
Alexx. Atualmente, como moro em Uberlândia-MG, venho criando riffs crus que são
trabalhados aos sábados, quando a banda se reúne em Mirassol. As letras acabam
ficando pra depois. (risos)
RR
- Mirassol e Rio Preto não tem mais distância geográfica, mas como é a cena do
rock autoral especificamente em Mirassol?
DO
- A cena do rock autoral em Mirassol anda
meio parada atualmente, sabe? Mas temos entre bandas que já existiram ou
existem: Desnutrição (punk), Academic Worms (noisecore), Dark Paramount (black
metal), Cachorros Leprosos (pornôchanchada musical), Índios Urbanos (punk),
Lier (hard rock/pop rock), Forlock (pop rock), Baratazul (pop rock),
NightStalker (thrash metal), House of Hate (thrash metal), Impetus (heavy
metal) entre muitas outras. Mirassol tem uma boa história no rock em geral.
RR
- Qual a projeção para o futuro da carreira do Shotdown? Planos para um CD completo?
DO - Pretendemos
terminar de compor o álbum ainda esse ano e gravá-lo. Em 2016, a porra vai
ficar séria. O trabalho será pesado!
RR
- Como encarar o desafio de fazer o Shotdown crescer e se desenvolver cada vez mais
profissionalmente, e tentar uma exposição maior na cena nacional?
DO - Assim
como dito anteriormente, vamos precisar de empenho e profissionalismo para
poder divulgar o primeiro álbum da melhor forma possível. E pra isso
precisaremos contar com profissionais do ramo. Blogs, sites, gravadoras,
agências, e-mail, facebook, youtube, shows independentes: vale tudo!
RR - Fique à vontade para passar uma
mensagem para nossos leitores.
DO - Agradeço,
primeiramente, a você por esse espaço. Acompanhem a Shotdown! Conheçam o
trabalho anterior e fiquem por dentro do que está por vir. Lançamos
recentemente o lyric-video de “Murderground” e precisamos de vocês para levar
esse trabalho adiante! Temos facebook (facebook.com/shotdownbr) e todo o EP e o
single estão no youtube (youtube.com/shotdownbr). Não estamos aqui para brincadeira! Ah! Em breve teremos single novo: “Hidden
Asylum”!
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